Qual personagem você seria num filme apocalíptico ou de terror? A moça bonita que morre por último? O personagem que reage de forma racional? Aquele que num problema mais sério surta e paralisa? Ou o que na primeira oportunidade assume as tendências suicidas e fica para trás para salvar os outros?
Esses dias descobri que eu resolvo o problema primeiro, e depois choro. E a única certeza que eu tenho é que eu não queria estar numa situação em que descobriria isso.
Eu nunca me importei em mudar. De opinião, de cidade, de gostos, de verdades, é a consequência de crescer, não? Algumas mudanças nos últimos anos foram intensas e profundas, e eu ainda estava no processo de descobrir quem eu era no meio de tanta coisa que eu queria ser.
Mas a sensação agora é que nada daquilo importa. Quem eu seria se meus planos tivessem dado certo? Aonde eu chegaria? Onde eu estaria? Nada importa. Porque tudo mudou, e quem eu seria não cabe mais em lugar nenhum.
Minha rotina de trabalho não funciona mais, meus hábitos de leitura, meus gostos musicais, além do que eu evidentemente não posso ter ou fazer. Parece que tudo o que eu era antes da quarentena é uma roupa que não me veste mais… Mesmo que eu tenha passado o último mês remendando e adaptando, talvez com a esperança de que tudo isso acabaria logo.
Sempre gostei de repensar minha vida e minhas atitudes, e sempre me rodeei de pessoas que admiro e me tiram da zona de conforto para fazer isso. Essa é a primeira vez em que eu sou obrigada a lidar com isso totalmente sozinha.
Quem eu seria antes da quarentena acho que não importa mais… Mas quem eu vou ser quando isso acabar? E quem eu quero ser?