Querido amigo,
Como você está? Espero que as mudanças de ares estejam sendo boas pra ti!
Li seu texto sobre cozinhar, e me fez lembrar que essa semana eu senti preguiça de almoçar. Se minha mãe escuta isso ela surge do nada dizendo que eu devia tomar vergonha na cara, mas a real é que é isso: eu quero fazer tanta coisa ao mesmo tempo que comer as vezes se torna um problema. Felizes são as plantas que fazem fotossíntese!
Minha relação com a culinária sempre foi muito complicada. Achei até divertida sua comparação entre culinária e química, porque sou formada em química e, o que posso dizer, também tenho um relacionamento complicado com isso? Sempre fui mais da área analítica, a parte em que eu media, analisava e queimava coisas, a única que não traz skill nenhuma na cozinha hahaha!
Minha família é toda de ótimos cozinheiros, o que me tornou uma ótima lavadora de louça. Na faculdade meu ex sempre preferiu cozinhar para fazer do jeito que ele gosta. E quando me separei, fui morar na casa de uma amiga formada em gastronomia (saudades, Ju!).
Entenda, não estou reclamando, muito pelo contrário. E sempre fui adepta da estratégia "se tem alguém cozinhando, eu faço companhia", então gosto demais das lembranças que tenho ao redor da mesa e do fogão. Mas como nada são flores, cometer erro ao redor de “experts” sempre é um problema. Minha família tirava sarro de qualquer erro que cometia na cozinha, uma vez tive uma briga feia por causa de um miojo com meu ex, e isso tudo se tornou bloqueio. Afinal, ninguém gosta de errar e se sentir vulnerável, né?
Confesso que assumi isso como personalidade por bastante tempo. Sou mulher de negócios, não nasci para cuidar de casa! Não me submeto a esse mundo machista, companheiro meu que aprenda a cozinhar! E assim me mantive fazendo o básico do básico, até cair a ficha de que saber cozinhar também é independência - e quantos privilégios eu não percebia que tinha né?
Em 2020 (aquele ano lá, cruzes) eu prometi pra mim mesma que ia aprender para além do sobreviver. Aprendi a escolher ferramentas que me facilitam a vida: tenho uma panela de arroz e uma airfryer que são extensão do meu corpo. Também ganhei uma máquina de pão e uma de fazer iogurte natural!
Mas para além disso, também aprendi a dizer que as “brincadeiras” me incomodam. Que se a pessoa vai ficar me sacaneando toda vez que eu oferecer ajuda na cozinha, então eu não vou mesmo cozinhar. E com isso comecei a ter ambientes em que me sinto segura para testar. E para errar.
Não sou cozinheira de mão cheia, mas meu leque de possibilidades dos últimos dois anos aumentou muito. Também não tenho esse ímpeto de parar o que estou fazendo e dizer “nossa, que vontade de cozinhar", mas já consigo resolver o jantar com o que tem na geladeira para garantir os nutrientes de todos os dias.
Estou a caminho de encontrar minha família para o Natal, esse período em que festa e culinária andam juntos. Você perguntou se eu já tentei algo novo, eu pensei seriamente em fazer um prato pra esse evento… Não tive coragem para essa vez, mas estou trabalhando essa ideia para o futuro.
Que loucura né, é forte o quanto o cozinhar reverbera na gente de várias formas.
Espero que seu Natal não seja tão frio, e que seu dia seja repleto de boas futuras memórias. Um feliz Natal, Angelo!
Você lembra do evento O texto e o tempo? Por causa dele criamos um grupo no Telegram em que debatemos diariamente o mundo das newsletter e temas adjacentes, e nesse final de ano decidimos fazer um amigo secreto! Eu tinha que responder em carta um texto da pessoa que sorteei, e meu amigo secreto foi o Angelo Dias! Estou respondendo esse texto dele:
Vou deixar aqui esse video lindíssimo sobre o Natal, porque sei que muita gente nessa época precisa de acolhimento. Só deixa o lencinho de lado, por garantia…
Um Feliz Natal para quem é de Natal, e um bom fim de semana para quem é de fim de semana. Descansem e se cuidem!
Adorei a cartinha! Esse ano eu inventei de fazer algo pro natal mas desisti de última hora — o que foi ótimo, já que a comida que fizeram onde fui dá de 10 a zero na minha culinária. Hey, o que importa é a reflexão, né?
Adorei a reflexão! E sempre que precisar de dicas e atalhos, estarei por aqui. Já pensando no natal do ano que vem, eu apostaria numa sobremesa. Escolhendo algo simples, dá pra impressionar com pouco esforço hehehehe